sábado, 5 de abril de 2008

Richard Dawkins revela o milagre de Fátima

Extraído de "Desvendando o Arco-Íris - Ciência, Ilusão e Encantamento", de Richard Dawkins, Cia. das Letras, 2000, págs 179-180.

David Hume, grande filósofo escocês do século XVIII, me parece inatacável:

[...] nenhum testemunho é suficiente para estabelecer um milagre, a menos que o testemunho seja de tal ordem que sua falsidade seria mais milagrosa do que o fato que procura estabelecer. ("Of Miracles", 1748)

Vou observar o preceito de Hume com respeito a um dos milagres mais bem atestados de todos os tempos, que dizem ter sido testemunhado por 70 mil pessoas e que ainda está dentro do alcance da memória viva. É a aparição de Nossa Senhora de Fátima. Cito um relato de um website católico romano, no qual se observa que, dentre as muitas alegadas aparições de Maria, essa é incomum por ser oficialmente reconhecida pelo Vaticano.

Em 13 de outubro de 1917, havia mais de 70 mil pessoas reunidas na Cova da Iria em Fátima, Portugal. Tinham vindo para observar um milagre que fora profetizado pela Virgem Maria aos três jovens visionários: Lúcia dos Santos e seus dois primos, Jacinta e Francisco Marto [...]. Pouco depois do meio-dia, Nossa Senhora apareceu aos três visionários. Quando a Virgem estava prestes a desaparecer, ela apontou para o céu. Lúcia, emocionada, repetiu o gesto, e as pessoas olharam para o céu [...]. Então um arfar de terror se elevou da multidão, pois o Sol parecia ter se desprendido do céu e estar prestes a se espatifar sobre a multidão horrorizada [...]. Quando a bola de fogo parecia que ia cair e destrui-los, o milagre cessou, e o Sol retomou o seu lugar normal no céu, brilhando tão pacificamente quanto antes.

Se o milagre do Sol cadente tivesse sido visto apenas por Lúcia, a jovem responsável pelo culto de Fátima, poucos o levariam a sério. Poderia ser facilmente uma alucinação particular ou uma mentira por motivos óbvios. São as 70 mil testemunhas que impressionam. Poderiam 70 mil pessoas ser simultaneamente vítimas da mesma alucinação? Poderiam 70 mil pessoas ser coniventes com a mesma mentira? Ou, se nunca houve 70 mil testemunhas, o repórter do acontecimento poderia ter conseguido inventar esse número?
Vamos aplicar o critério de Hume. Por um lado, somos solicitados a acreditar numa alucinação em massa, num truque da luz ou numa mentira em massa envolvendo 70 mil pessoas. Deve-se admitir que isso é improvável. Mas é menos improvável do que a outra alternativa: que o Sol realmente se moveu. O Sol pendente sobre Fátima não era afinal um Sol privado; era o mesmo Sol que aquecia todos os outros milhões de pessoas no lado iluminado do planeta. Se o Sol realmente tivesse se movido - mas o fenômeno só foi visto pelas pessoas de Fátima -, um milagre ainda maior teria sido perpetrado: uma ilusão de não-movimento teve de ser encenada para todas as milhões de testemunhas que não estavam em Fátima. E isso ignorando-se o fato de que, se o Sol tivesse realmente se movido na velocidade noticiada, o sistema solar teria se rompido. Não temos outra alternativa senão seguir Hume, escolher a menos milagrosa das alternativas existentes e concluir, ao contrário da doutrina oficial do Vaticano, que o milagre de Fátima não ocorreu. Além disso, nem é de todo claroque nos cabe o ônus de explicar como é que essas 70 mil testemunhas foram iludidas.

4 comentários:

Anônimo disse...

uma merda,
falou falou e nao disse nada

Anônimo disse...

Reducionismo e "non sequitur". Coisa de gente bem incapaz. Faltou explicar: (i) como um fenômeno físico poderia ter sido visto por milhares e, no mesmo lugar, não visto por outros milhares; (ii) como há até 18 km de distância testemunhas narraram o mesmo evento; (iii) como as pessoas não foram vaporizadas pela energia que secou-lhes as roupas encharcadas da chuva que havia acabado naquele instante; (iv) como o fenômeno foi previsto, meses antes, por três criancinhas que não conheciam nem luz elétrica, com uma precisão que nem o maior dos centro meterológicos atuais conseguiria.

Enfim, reducionismo: a arte de enganar trouxas, como a do ateu que se acha criador de si mesmo.

Marco Lucas disse...

meu querido amigo. parece-me a mim que segue muito alógica. ora a lógica é limitada, pois basemo-nos no conhecido para nomear o desconhecido. e isso por si só já é ilógico.
A lógica tem os seus limites, embora alguma ateu tenha a tendência de querer elevá-la á qualidade de um deus.
ás vezes 2+2 não são 4...

Anônimo disse...

Esse pseudo-cientista, sr. Richard Dawkins nao passa de um rematado...Ele deve tomar um avião e observar melhor a superfície da terra:verá que ele e nós nao passamos de vermes invisíveis, apesar de nossa tecnologia ter ido além do sistema solar; mas isto não justifica a nossa imbecilidade em relação à divindade. È melhor ele ler um pouco mais: Voltaire em ´Cartas Filosóficas´ já escrevia: ´Acho até mesmo que todos esses livros, feitos há pouco para provar a religião cristã,são mais capazes de escandalizar do que edificar. Pretendem tais autores saber mais do lque Jesus Cristo e os apóstolos? É querer sustentar um carvalho cercando-o de caniços; podemos tirar esses caniços inúteis sem medo de ferir a árvore´. Em tela o sr. Dawkins se ajuste a esses autores, apenas, querendo desaprovar. Sr. Dqwkins,seu corpo, depois de morto,jamais terá um panteão para glorificá-lo como o é para Voltaire, em Paris. Vocé é apenas um pobre-diabo...