terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ateísmo visível contra ateísmo

Respostado de: Poligazette.

Traduzido por: Daniel Vasques.

Por: Claudia, Editora Assistente do Blog acima.

A história deste blog é poluída com muitos posts sobre religião e não poucos sobre ateísmo. As edições cobrem a gama da teologia, do relativismo, do extremismo, da moralidade e naturalmente da política. Um dos pontos do debate é o que “o ateísmo militante” é (sem mencionar o que o ateísmo é por si só) e o quão bem ou mal ele geralmente define o ateu.

Eu estou aqui para lhes dizer que o ateísmo “militante” não é necessariamente representante dos ateus em geral e também porque é improvável que vocês tenham a impressão que eu estou certa a qualquer momento.

O ateísmo é um fenômeno um pouco estranho. Mesmo nós ateus podemos nunca concordar com uma definição forte, e quando você põe agnósticos na mistura, é provável que discutamos até a Segunda Vinda. Mais amplamente, um ateu é definido como uma pessoa que não tem nenhuma crença em um deus ou deuses. Em minha opinião, o próprio ateísmo não pode corretamente ser definido (nem mesmo por outros ateus) como qualquer coisa mais do que isso.

Mas esta definição convenientemente simples obscurece uma realidade mais complicada. Um ateu não é como um cristão, um muçulmano, um jainista, um democrata ou um republicano em uma questão central: ateus são sendo definidos por algo que não são. O ateísmo por si só não tem nenhum credo comum, nenhuma filosofia de governo. De fato, ateísmo é um conceito completamente vazio. Na ausência de religião, ser um ateu seria, para parafrasear Richard Dawkins, como ser um “afadista”, uma pessoa que não acreditasse nas fadas. Ninguém sente a necessidade de se definir como “afadista” porque ninguém com mais de três anos acredita em fadas e as fadas não compõem uma parte importante da interação social. Mas a crença sobrenatural de Deus é difundida, de modo que um termo para definir aqueles que não a têm é necessário.

É nesta falta de estrutura interna que o problema reside. Resumindo, você não pode puxar uma comunidade baseado unicamente no fato de não acreditar em algo. Entretanto você pode juntar as comunidades em torno do conceito de defender ou de atacar algo. E estas são as forças motrizes atrás das comunidades mais ativas de ateus. Aqui nós temos os anti-teístas, que acreditam que a religião é uma negativa social e desejam evangelizar o ateísmo. Dentro deste grupo há uma gama muito ampla de atitudes, desde civis e educadas a irritadas e a detestáveis. Um outro (às vezes separado, às vezes sobreposto) grupo é daqueles que desejam aumentar a aceitação para ateus, especial nos E.U.A., onde a intolerância contra os não-crentes ainda opera desenfreadamente nas mentes das pessoas, embora não na lei. Aqui você encontrará aqueles mais interessados em manter a parede entre a Igreja e o Estado forte e aumentar a visibilidade e a aceitação dos ateus de modo geral.

Eu argumentaria que estas pessoas, embora todas atéias, não devessem ser considerados necessariamente representantes dos ateus como um todo. Embora seja difícil quantificar, os estudos mostram que os não-crentes compõem cerca de 10% da população dos E.U.A. Geralmente, são desorganisados como um grupo. Isto é completamente natural, é claro. Para a maioria dos ateus, sua não-crença em um deus é irrelevante. Não tem nada a ver com eles. A maioria está naturalmente ciente dos preconceitos que existem contra eles na sociedade e podem sentir a irritação nas afirmações freqüentes que ser secular é ser imoral por definição, mas muitos também vivem em esferas amigáveis aos seculares e decidem simplesmente que a religião “não é para eles” e esquecem o assunto. Afinal, sua não-crença não pode defini-los.

Eu conheço muitos destes grupos. Chamá-los de “militante” é, em minha opinião, um erro grave, mas um debate diferente. O que é verdadeiro é que são grupos pequenos. Não têm muito dinheiro e não têm muitas pessoas. Compare se quiser a organização, a motivação e a mão-de-obra completa de grupos de interesse judaicos àqueles dos ateus. Os ateus são mais numerosos do que judeus (embora as populações se sobreponham), no entanto suas organizações são insignificantes na comparação. É porque o ateísmo não pode, por si só, ser um grito de guerra.

[complemento]: O grosso do assunto está linkado no post (já bem distante) acima. Eu gostaria de adicionar apenas uma coisa, no entanto. Há mais um tipo de ateu que não é completamente desorganizado mas também não está visível. São uma grande coleção de não-crentes que, sem crenças sobrenaturais, reconhecem que as necessidades geralmente cobertas pela religião precisam ser cumpridas. Os humanistas são um dos grupos centrais nesta categoria, pessoas que são preocupadas com uma estrutura moral e convencidas (como todo ateu é) de que uma estrutura moral é possível na ausência de sustentamentos sobrenaturais. Em torno de comunindades Humanistas frequentemente também brotam outras coisas que tentam preencher as necessidades humanas óbvias; caridades seculares, grupos comunitários, pessoas que executam cerimônias como a nomeação de bebês ou casamentos, etc. Não se preocupam em brigar com a religião nem com os religiosos, e assim é improvável que virem notícia. Entretanto muitos daqueles nos grupos dos ativistas viverão suas vidas dentro do estilo de vida dos humanistas.

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