domingo, 7 de dezembro de 2008

Programa de TV muçulmano gera polêmica na Suécia

Um novo programa da televisão estatal sueca SVT, apresentado por três jovens muçulmanas cobertas com o tradicional véu islâmico, está provocando um forte debate sobre o choque entre normas culturais diversas e a integração da população muçulmana na Suécia.

O audacioso Halal-TV leva ao ar em horário nobre as opiniões de três jovens muçulmanas nascidas na Suécia mas de fé profundamente islâmica, vindas de famílias que emigraram de países do Oriente Médio e do Norte da África.

O objetivo do programa é mostrar como as três muçulmanas vêem a Suécia e seus valores, a fim de propiciar uma maior compreensão dos suecos sobre uma parcela da crescente população muçulmana do país.

Os programas abordam temas como sexo, álcool, igualdade e padrões de beleza, com um elemento ocasional de humor.

As apresentadoras são Dalia Azzam Kassem, uma estudante de Medicina de 22 anos de idade, a higienista dentária Khadiga El Khabiry, de 25 anos, e Cherin Awad, de 23.

Compreensão

Durante os programas, elas recebem convidados suecos para debater os temas abordados e entrevistam pessoas nas ruas.

As controvérsias em torno da Halal-TV surgiram antes mesmo de o primeiro episódio da série ir ao ar, quando a autora e imigrante curda Dilsa Demirbag-Sten revelou uma entrevista gravada em que uma das apresentadoras do novo programa defendia a condenacão de mulheres à morte por apedrejamento como uma punição apropriada para o adultério.

Embora a apresentadora Cherin Awad, de 23 anos, tenha se distanciado dos comentários feitos há cinco anos sobre o apedrejamento de mulheres, Demirbag-Sten questionou a decisão da SVT de permitir que a jovem liderasse um programa sobre mulheres muçulmanas na Suécia.

"Há várias maneiras de a televisão estatal usar altos padrões de jornalismo para abordar questões que afetam a população muçulmana do país, sem reduzi-la a um grupo de fanáticos religiosos que acreditam que as mulheres devem manter a virgindade até o casamento e que apóiam o apedrejamento por adultério", argumentou Demirbag-Sten em artigo publicado no jornal sueco Svenska Dagbladet.

Em um debate na SVT sobre as controvérsias geradas pelo programa, os diretores da série salientaram que Cherin se distanciou das declarações, e defenderam a concepção do programa de apresentar o ponto de vista de jovens muçulmanas como forma de a sociedade ter maior compreensão acerca da população muçulmana no país, que aumentou significativamente desde a guerra no Iraque.

A Suécia recebeu mais imigrantes iraquianos do que o total de refugiados recebidos pelos Estados Unidos e a Europa como um todo - só no ano passado, mais de 19 mil iraquianos entraram no país.

Aperto de mão

No primeiro episódio da Halal-TV, mais uma controvérsia foi levantada: as apresentadoras se recusaram a cumprimentar um convidado do programa, o colunista de jornal Carl Hamilton, com um aperto de mão.

A lei islâmica proíbe qualquer contato físico entre homens e mulheres que não sejam casados.

As apresentadoras optaram por cumprimentar Hamilton com o gesto de levar as mãos junto ao peito, deixando a mão estendida do jornalista pairando no ar.

O resultado foi uma ríspida troca de palavras: "Desculpe, mas você precisa apertar minha mão", disse o jornalista. "Isto sou eu quem decide", retrucou Khadiga, perguntando a ele como um sueco que se convertesse ao Islã deveria proceder.

"Na Suécia as pessoas cumprimentam-se com um aperto de mãos. Se essa pessoa não for capaz de fazer isso, que se mude para uma caverna e se torne um eremita", respondeu Hamilton, acrescentando: "O problema não somos nós (os suecos). O problema é que vocês vêm para a Suécia e não querem nos cumprimentar com um aperto de mãos. O problema são vocês".

"Eu não vim para a Suécia. Eu nasci aqui", lembrou Khadiga.

O debate se expandiu na mídia sueca, com vários suecos manifestando sua divergência em relação à postura do jornalista.

Em sua coluna no jornal Aftonbladet, Hamilton indagou se "querer cumprimentar muçulmanos com um aperto de mãos é racismo": "Quem deve se adaptar a quem?", indaga o jornalista.

"Para as apresentadoras do programa Halal-TV, a resposta é óbvia. A maioria sueca que aperta as mãos deve se adaptar à minoria muçulmana que não faz isso".

Virgindade

No episódio mais recente do programa, o tema foi a revolução sexual.

Dalia quer esperar se casar para ter relações sexuais, o que faz dela uma sueca atípica: segundo um relatório divulgado na semana passada, os suecos têm atualmente mais parceiros sexuais por ano do que a geração de 1968 teve durante uma vida inteira.

No blog do programa, Dalia escreve o seguinte: "O objetivo da revolução sexual foi nos liberar das normas autoritárias e da moral sexual. Será que a revolução atingiu seus objetivos?"

Segundo o Smittskyddinstitutet (instituto sueco de doenças infecciosas), o número de pessoas infectadas com o vírus HIV em 2007 cresceu 20% em relação a 2006.

"A lista de desvantagens da revolução sexual não pára aqui. Ela é muito maior. Mas a revolução também criou vantagens. A questão é - qual o preço que estamos dispostos a pagar para continuar a lutar por liberdade?"

A direção da SVT ressalta que as opiniões expressadas no programa se referem exclusivamente às opiniões pessoais das apresentadoras, e que as três jovens muçulmanas não representam nenhum grupo em particular.

Comentário: Claro que é válido. Não se pode apertar a mão de alguém porque "Alá" está muito preocupado com o que duas pessoas vão transmitir umas às outras quando se tocam. Vai que elas sintam desejo, né? Não pode. Agora matar a mulher adúltera pode. A pedradas. Já o homem adúltero não tem punição nenhuma, pois "está no sangue dele trair". Só pode ser essa a explicação. Ou então quem escreveu o Corão era muito, mas muito machista mesmo. Só posso lamentar que ainda tenha gente que acredita nesse tipo de baboseira.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não vejo nenhum problema com o tal do programa na TV Suéca. É um programa humorístico, só pode ser.

Anônimo disse...

Não vejo o porque dessa necessidade doetia do sueco de ter que apertar a mão de uma muçulmana . Será que isso está na legislação do país?
Eu sou homem, mas se eu fosse mulher e um cara fizesse tanta questão de apertar a minha mão, eu descofiaria e aí é que não apertava mesmo a mão do sujeito, até jogava spray de pimeta, eu hein
Dá até pra descofiar se o cara é um tipo de tarado ou sei lá.
Daqui a pouco ele vai dizer que é comum que os cidadãos suecos acreditem em Deus e não me iteressa se você é ateu, vai ter que se adequar ao meu país se não vai ser fuzilado no paredon.
Se a mulher não quer apertar a mão, niguém pode obrigá -la. tem gente que não gosta de ser tocado por exemplo, e o fato de não se apertar a mão de alguém não mata e nem aleja.

Anônimo disse...

"Na Suécia as pessoas cumprimentam-se com um aperto de mãos. Se essa pessoa não for capaz de fazer isso, que se mude para uma caverna e se torne um eremita"

No país X as pessoas crêem em deus. Se essa pessoa não for capaz de fazer isso, que se mude para uma caverna e se torne um eremita.

Não sei se o sueco que falou isso é um fanático religioso ou só pegou emprestada a argumentação de um fanático religioso.